Apesar de órgãos oficiais e internacionais não citarem a presença da mulher na cafeicultura brasileira, elas existem, são muitas e estão se articulando. “É preciso transpor esta invisibilidade”, diz a presidente da Aliança Internacional das Mulheres do Café - IWCA Brasil, Brígida Salgado. Para isso, a IWCA se uniu a instituições de pesquisa das principais regiões produtoras de café do País e Organizações Não-Governamentais (ONGs) para buscar saber quem são estas mulheres, onde elas estão e em que condições.
Segundo a presidente, os desafios são muitos e grandes. Vão desde a visibilidade, o empoderamento, até dar voz às mulheres nos eventos de café, onde a presença masculina nas mesas e painéis de discussão é unânime. Assim como apresentar, a partir desse trabalho, perspectivas e políticas públicas voltadas à questão da mulher na cafeicultura. “Estamos num trabalho conjunto, unindo diversas instituições num mesmo propósito: dar visibilidade e fortalecer a mulher que atua no negócio do café, transformando sua realidade”, destaca Brígida.
Para isso, o primeiro passo dado por estas instituições é o levantamento de informações que apresente a mulher que atua no café e a disponibilização destas análises e cenários em uma publicação, o livro Mulheres dos Cafés do Brasil. Neste sentido, há um ano, estão sendo realizadas reuniões de articulação e alinhamento. A última ocorreu no fim do mês de abril, em Belo Horizonte, reunindo a presidente da IWCA, pesquisadoras de instituições de pesquisa como a Embrapa, Universidade Federal de Viçosa, Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais, Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e representantes do Senar-MG e da Fundação Solidaridad Latinoamericana. No evento, foi definida a estruturação da publicação, que deve ter sua primeira versão em formato E-book disponibilizada em agosto deste ano.
Também neste encontro, foi oficialmente firmado um termo de cooperação entre a IWCA e a Fundação Solidaridad, para levantar dados sobre as mulheres do setor do café. Para Nicole Gobeth, representante da Solidaridad, este esforço coletivo tem levantado informações valiosas da atuação das mulheres nas principais regiões produtoras de café do País. “Acreditamos que, ao olhar com profundidade o papel das mulheres neste setor, é possível traçar iniciativas cada vez mais assertivas. Ações capazes de reunir os diferentes atores e somar forças a fim de impactar positivamente a vida de milhares de mulheres envolvidas na cadeia agroindustrial do café no Brasil”, reforça Nicole. A Solidaridad é uma organização internacional, com atuação em mais de 50 países e, há mais de 45 anos, desenvolve parcerias e soluções inovadoras para apoiar agricultores e pecuaristas a produzir mais e melhor, assegurando a transição para uma economia cada vez mais sustentável e inclusiva.
IWCA Brasil, criando oportunidades
A IWCA é uma rede formada por mulheres envolvidas em toda a cadeia do negócio café – do grão à xícara – que busca dar visibilidade às mulheres do café, abrir espaços de sua participação nos grupos de discussão e decisão do setor cafeeiro, incentiva a troca de experiências e conhecimentos, oferece acesso a treinamentos e mercados, entre outras ações em âmbito nacional e também internacional.
A IWCA Brasil é um capítulo da IWCA (International Women’s Coffee Alliance, em inglês), organização sem fins de lucro que foi criada em 2003 a partir do encontro de mulheres da indústria do café dos Estados Unidos e Canadá com produtoras de café na Nicarágua. No Brasil foi criada em 2012, durante o 7° Espaço Café Brasil, realizado em São Paulo, com o apoio do SEBRAE. Mais informações sobre a IWCA Brasil estão no site www.iwcabrasil.com.br/iwca.
------------------------
Renata Silva
Jornalista (MTb 12361/MG)
(69)98119-1588