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Mulheres representam o Brasil na “Cumbre Latino Americana del Café e V Convención Internacional da IWCA”, em Puebla, México

08/08/2017
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Um grupo de 8 brasileiras, de diferentes regiões produtoras de café do Brasil, esteve em Ciudad de Puebla, México, na última semana participando do Encontro Latino Americano de Café. Durante o evento, também foi realizada a V Convenção Global da IWCA – Aliança Internacional das Mulheres do Café, de 3 a 5 de agosto.

As brasileiras representaram o país em vários momentos importantes do encontro. No primeiro dia, 03 de agosto, Brígida Salgado, produtora de café da Chapada Diamantina e Presidente da COOPERBIO, carregou a bandeira do Brasil na abertura da V Convenção Global da IWCA. Brígida, que é a presidente do Capítulo Brasileiro da IWCA, disse que ficou muito emocionada em representar o país na cerimônia das bandeiras, ao lado de representantes dos outros 21 capítulos da IWCA no mundo. Brígida também participou, juntamente com Josiane Cotrim e Silvana Novais, do Leadership Summit, o encontro de todas as líderes da IWCA-Global, que discutiu os rumos e estratégias da entidade nos próximos anos, no dia 02.

Após a abertura do encontro, no dia 03, Nicole Gobeth, da Fundacion Solidaridad LatinoAmericana, participou do Painel “Seria a criação do equidade de gênero um dos esforços coletivos mais responsáveis e sustentáveis que podemos fazer enquanto setor na cafeicultura?”. O painel foi moderado por Rick Rhinehart, Diretor Executivo da SCA, e contou ainda com a presença de José Sette, Diretor Executivo da OIC (Organização Internacional do Café). Nicole, que atua na Solidaridad no Brasil por meio de uma parceria com a IWCA, defendeu a importância de se compreender quem são as mulheres da cafeicultura, indo a campo ouvi-las antes de propor qualquer iniciativa visando ao equilíbrio dos gêneros.

Durante os três dias, a barista Graciele, de Curitiba, representou o país nas competições de preparo de espresos e outras bebidas, sempre ficando nas equipes vencedoras dos torneios dos quais participou como o AllStars.

No sábado, dia 05, Raquel Menezes, professora da UFV (Universidade Federal de Viçosa, campus Rio Paranaíba, no Cerrado Mineiro) participou do painel “Quantificando Mulheres no Café: Quem, onde, como?”. Raquel apresentou o resultado de um trabalho colaborativo desenvolvido no Brasil que deu origem ao livro “Mulheres dos Cafés no Brasil”. O livro, que é fruto de uma parceria entre a EMBRAPA-Café e a IWCA-Brasil, conta com 17 capítulos sobre 7 regiões produtoras, e ainda, mulheres atuando em diversos outros setores do sistema agroindustrial do café, e foi escrito por pesquisadores de diversas instituições de ensino, pesquisa e extensão espalhadas pelo país, com apoio financeiro da Solidaridad, Itaipu Binacional e IWCA-Global. A professora ressaltou que o principal mérito do livro é trazer à tona as múltiplas realidades de mulheres no setor da cafeicultura no país. Quando se coloca o gênero em pauta, não importa somente a produção, a variedade, ou a área de café. Importam as pessoas, sejam elas produtoras de qualquer tamanho, trabalhadoras da lavoura ou de qualquer outro ponto do sistema agroindustrial do café. O painel foi introduzido pelo diretor executivo da OIC, José Sette, e contou ainda com a líder do Comitê de Pesquisa da IWCA-Global, Ruth-Ann, que está desenvolvendo uma pesquisa em parceria com a Universidade do Michigam em Ruanda; e com Cláudia Rodriguez, da Federación de los Cafeteros de Colômbia, que tem as estatísticas da participação das mulheres na instituição, e por meio dos dados, tem buscado desenvolver projetos específicos para promover a equidade de gênero.

Neste mesmo dia, Josiane Cotrim representou o Brasil no painel de fechamento do evento, com o tema: “Compartilhando experiências e tecnologias de transferência de resultados – exemplos de sucesso na inclusão de gênero”. Josiane elencou várias iniciativas que estão em andamento no país, como o projeto no Norte Pioneiro do Paraná, que visa a aumentar a participação das mulheres e a melhoria da qualidade do café naquela região, por meio de uma parceria do Instituto EMATER-PR com o Subcapítulo da IWCA-PR, e o atendimento especial oferecido pelo SENAR nas Matas de Minas, que visa melhorar a gestão nas propriedades de café, e conta com um grupo exclusivo de mulheres que recebem acompanhamento de uma engenheira agrônoma. Josiane citou ainda o programa Coopjovem, do MAPA, que será reativado, e o Produtor Informado, do CECAFÈ, que vis a inclusão digital dos cafeicultores. Entretanto, Josiane alertou para a falta de políticas públicas e ações estruturadas para enfrentar problemas graves que vem assolando a cafeicultura recentemente, como o aumento do consumo de drogas nos meios rural e urbano. Para tanto, Josiane acredita que são necessárias mais iniciativas de inclusão dos jovens entre os públicos-alvo de projetos no setor, para que vejam sentido na cafeicultura como alternativa. Entre as ações já realizadas, mencionou a realização de cursos de barismo para filhos de pequenos produtores.

Luciana Morais, representante do Instituto EMATER-PR expôs um pôster no estande da IWCA-Global sobre o trabalho desenvolvido no Norte Pioneiro do Paraná, e pode apresenta-lo a várias pessoas interessadas em conhecer como funciona esta iniciativa que inclui 180 mulheres em 11 municípios daquela região. Além disso, Luciana assistiu a várias oficinas realizadas no evento, e levantou oportunidades de novas ações que podem ser incrementadas junto a este grupo de mulheres.

Ainda participaram do encontro Silvana Novais, gerente regional do SENAR nas Matas de Minas, em Viçosa, que disse ter ficado impressionada com a organização do evento e participação em massa de produtores mexicanos. Silvana fez vários contatos, divulgou a Semana Internacional do Café no Brasil e disse que precisamos nos empenhar mais em visitar estes eventos fora do país para buscar novas ideias e levar os produtores a uma maior participação no Brasil. Também a produtora Thais V. Cougo Pimentel, do Campo das Vertentes, aproveitou muito a participação no encontro para aprender sobre o negócio e disse estar voltando cheia de ideias que podem ser aplicadas diretamente em sua fazenda.

Em suma, a participação das brasileiras atuando em diferentes setores, de diferentes regiões, acende uma luz na necessidade de se construir coletivamente projetos com objetivos comuns para a cafeicultura nacional, colocando o país em lugar de destaque no cenário internacional, à altura de sua posição de maior produtor e segundo maior consumidor mundial de café.